17 setembro 2006

O Paradigma da Evolução


Paradigma é o nome dado a uma idéia abrangente que se tem sobre o mundo, o universo. É uma cosmovisão. No decorrer da história, foram muitos os paradigmas que dominaram o pensamento da elite intelectual de cada época e, até mesmo, do povo. Alguns prevaleceram, por se mostrarem corretos. Outros, no entanto, foram completamente rejeitados, mas só depois de haverem prevalecido durante muitos séculos, influenciando negativamente o pensamento das pessoas – tanto do povo comum quanto dos estudiosos –, e contribuindo para que fossem formados conceitos errôneos sobre determinados campos de estudo da ciência. A alquimia, por exemplo, prevaleceu por quase dois mil anos, ensinando que através de processos químicos convencionais seria possível transformar metais comuns em ouro e que, com a combinação certa de elementos, se conseguiria a fórmula para o “elixir da vida”, o qual, dizia-se, prolongaria eternamente a vida de quem o usasse. Outro exemplo que poderia ser citado é o da abiogênese, teoria que dizia ser possível a vida se originar de não-vida, ou seja, através de elementos químicos inorgânicos. Poderia citar, ainda, diversos outros exemplos de paradigmas que dominaram o pensamento de boa parte da comunidade científica durante muito tempo e, ainda assim, se mostraram incorretos. Merecem menção, também, os paradigmas que foram, em um determinado período da história, aceitos quase que universalmente pelos cientistas, depois rejeitados e, novamente, voltaram a ser considerados como verdadeiros, como aconteceu com o modelo da deriva continental.

Em meados do século XIX, foi proposta uma teoria que veio a ser, talvez, a mais debatida da história da ciência: a Teoria Geral da Evolução. Formulada pelo médico inglês Charles Darwin, em sua viagem a bordo do navio Beagle II , propunha que todas espécies de seres vivos que já existiram tiveram um ancestral único, unicelular, que, a medida em que se diferenciava, no decorrer de milhões e milhões de anos, dava origem a outros organismos. Com acréscimo de pesquisas, passou-se a sugerir que os principais fatores responsáveis por essa diferenciação seriam as mutações, que, segundo se supunha, propiciariam, de tempos em tempos, o aparecimento de características favoráveis à sobrevivência da espécie. A seleção natural seria a “seleção” que a natureza se encarregaria de fazer. É a lei da sobrevivência dos mais aptos, ou seja, os mais favorecidos pelas mutações. Estes iriam sobreviver, por estarem mais bem adaptados ao ambiente em que viviam, enquanto os outros seriam naturalmente extintos, ou teriam sua população bastante reduzida. A teoria sofreu algumas modificações ao longo do tempo, mas permanece inalterada em seus aspectos principais. É uma teoria que veio ganhando cada vez mais adeptos, por ser compatível com a ciência naturalista – que, em si mesma, exclui da busca pela verdade a atuação de fenômenos sobrenaturais, a atuação do Criador – o positivismo (que tinha como característica a exaltação suprema do conhecimento científico como se fosse ele o único meio para se chegar ao conhecimento da verdade), e outras tantas correntes filosóficas que exerceram, e ainda exercem, significativa influência entre boa parte da comunidade científica. Quando a Teoria passou a ganhar um crescente prestígio começou, também, a ser abordada nas instituições de ensino mundo afora e, hoje, é praticamente universal o seu ensino em todos os continentes.
No entanto, existem sérios problemas com essa “doutrina”, os quais, muitas vezes, são passados por alto pelos intelectuais responsáveis pelo ensino e pesquisa acerca dessa teoria – que, frequentemente, é mostrada como sendo um incontestável fato da ciência. Porém, sabe-se que a evolução não pode ser provada, devido ao fato de a questão da origem da vida ser um fato singular que ocorreu num passado distante, e para o qual só existem evidências – as quais, por sua vez, podem ser interpretadas tanto a favor da evolução quanto da criação.
Mas, apesar das fragilidades que a teoria apresenta, e da crescente adesão por parte de pesquisadores e estudiosos do ramo a pontos de vista contrários à Teoria, ela continua sendo imposta pelos meios de comunicação em geral, e por boa parte da comunidade científica, como se fosse um fato inquestionável, teoria irrefutável – o que traz à tona a necessidade de se democratizar o debate sobre o assunto, e discutir sobre a possibilidade de trazer para a escola (nível fundamental e médio) os resultados dessas discussões, para que nossos filhos cresçam tendo a oportunidade de compreender que existem outras alternativas à Teoria da Evolução.