30 outubro 2006

Do Fixismo ao Criacionismo Moderno


Antigamente, muitos criacionistas eram influenciados por uma corrente de pensamento conhecida como “fixismo”: a crença de que Deus teria criado as espécies da forma como elas se encontram hoje. Ou seja: todas as espécies que hoje existem foram criadas por Deus assim como as conhecemos hoje. O problema é que essa interpretação não tem nada a ver com o que diz ou o que não diz a Bíblia, e sim com o modo de pensar que alguns estudiosos tiveram a respeito da natureza. Talvez parte do problema esteja na compreensão do significado da palavra “espécie” na Bíblia. A ciência moderna define “espécie” como um grupo de indivíduos que cruzam entre si produzindo descendentes férteis por duas gerações seguintes. O resultado dessa definição é que podem existir dois indivíduos muito parecidos entre si e, ainda assim, eles não serem enquadrados em uma mesma espécie, pelo fato de não poderem se cruzar produzindo sempre descendentes férteis. Mas é preciso levar em consideração que Deus poderia, muito bem, ter criado os tipos básicos de animais e plantas com potencial para variação suficiente para dar origem às diversas espécies que existem hoje. Por exemplo: um cristão poderia, muito bem, aceitar a idéia de um único animal ter dado origem aos lobos e aos cachorros. Isso não implicaria, de forma alguma, em desconsiderar o relato bíblico da criação, pois a idéia que o texto bíblico passa é de que Deus criou, justamente, os animais em seus grupos principais, e não necessariamente todas as variedades de animais que existem hoje.
Esse é um assunto muito importante para considerarmos, pois esse foi, provavelmente, um dos motivos que teriam levado grande parte da comunidade científica a rejeitar a ídeia de que existe um Deus criador e soberano no universo, pois muitos dos representantes do cristianismo na época ainda mantinham o mesmo pensamento fixista, apesar das evidências que a natureza apresentava sobre a possibilidade de variação nas espécies.
Um termo usado para descrever a evolução a nível de espécies, gêneros, ou, algumas vezes, famílias, é a chamada microevolução. Esse termo refere-se à evolução que produz variação, e não aumento de complexidade. Esta última é chamada macro-evolução. Os cientistas criacionistas geralmente aceitam a micro-evolução enquanto rejeitam a idéia de macro-evolução, pois esta, sim, entra em conflito com a visão bíblica das origens. Um exemplo de macro-evolução seria a evolução necessária para um réptil se transformar numa ave. Esse grandes saltos evolutivos são um dos maiores problemas da teoria da Evolução. E os problemas não são poucos: falta de evidência no registro fóssil de intermediários entre esses grupos, de um mecanismo genético e bioquímico que explique essas supostas alterações, enfim, são muitos os problemas com a Teoria Geral da Evolução que são passados por alto. Mas teremos ainda muito tempo aqui para apresentar nesse nosso espaço o que a mídia geralmente nos esconde sobre a verdadeiro caráter da teoria da evolução.
Até a nossa próxima postagem!

3 comentários:

Anônimo disse...

Bem, concordo que seja bastante inteligente a teoria da micro-evolução e talvez mais "coerente" com o pensamento teológico atual porém venho aqui questionar a base argumentativa em termos linquistico-filosóficos, pois quando você afirma: "Mas é preciso levar em consideração que Deus PODERIA, MUITO BEM, ter criado os tipos básicos de animais e plantas com potencial para variação suficiente para dar origem às diversas espécies que existem hoje." [grifo meu], o argumento perde sua força e passa a ser mera congectura baseada em uma interpretação pessoal ou de um grupo de individuos ou como você mesmo disse a respeito do "fixismo": "o modo de pensar que alguns estudiosos tiveram a respeito da natureza."
Minha humilde sugestão é que se formulem argumentos mais válidos para defender a causa criacionista. Não estás a escrever apenas para a casta cristã como se esta estivesse obrigada a aceitar tudo de bom que se diga a favor do criacionismo e contra o evolucionismo sem fazer nenhuma análise crítica. Estás a escrever também aos críticos da teoria evolucionista e os argumentos formulados por estes apesar de serem profundamente questionáveis são elaborados dentro de um alto padrão dissertativo. Ore, busque de Deus sabedoria e avancemos pra vencer!!!!

Eu já fiz minha escolha, escolhi acreditar! disse...

Gostaríamos de aproveitar este espaço para agradecer pelas críticas e sugestões propostas, e ressaltar o fato de que sempre estaremos abertos a críticas, sugestões e debates construtivos.
Nossa resposta às objeções levantadas pelo nosso amigo:
1) É preciso, primeiro, falar sobre o método científico, que se baseia no seguinte procedimento geral:
(a) O cientista colhe dados na natureza;
(b) Em seguida, ele elabora uma hipótese que explique aqueles dados, ou, simplesmente, usa uma hipótese previamente elaborada por outra pessoa;
(c) Estabelece os métodos pelos quais aquela hipótese pode ser testada;
(d) Apresenta sua hipótese já como uma teoria mais ou menos bem estabelecida, para que possa ser avaliada pela comunidade científica e, assim, poder ser publicada.
Então, como se faz notório, a ciência usa uma metodologia que, em si mesma, depende muito da elaboração de hipóteses. Então, o fato de se elaborar hipóteses não significa, necessariamente, que estaja sendo feito o uso de conjecturas. Nesse caso, pelo contrário, a hipótese se baseia em sólidas evidências, que não foram bem exploradas nesse artigo simplesmente porque o objetivo não era provar a microevolução, pois já se partiu do pressuposto da obviedade do tema. O objetivo era, sim, mostrar que existem explicações alternativas para esses fenômenos que são observados e, ao mesmo tempo, mostrar que a existência da microevolução não implicava, necessariamente, em macroevolução.
Para melhor exclarecer o assunto, convém aqui, ainda, ressaltar a diferença entre informação e interpretação. Qualquer teoria sobre a origem da vida precisa ser baseada em evidências, e essas evidências podem ser interpretadas de forma diferente, dependendo das idéias preconcebidas que o pesquisador tem. Por exemplo: nós sabemos que existe similaridade entre as espécies. Isso é um fato. Uma pessoa interpreta esse dado como sendo evidência de que elas tiveram um ancestral comum. Mas outra pessoa pode interpretar o mesmo dado como sendo evidência de que elas foram criadas pelo mesmo deus. Nenhum dos dois pode provar o seu próprio ponto de vista, porque não dá para voltar no tempo e ver o realmente aconteceu. A diferença entre os dois não está no método cientifico, mas em coisas que estão fora das atribuições da ciência, ou seja: a diferença está no que cada um tem a tendência a acreditar. Um acredita na evolução, porque é fortemente influenciado pelo pensamento naturalista que diz q a vida surgiu por fatores puramente naturais e mecanicos. Outro acredita na criação, porque analisou por si mesmo e viu que a complexidade da vida sugere a existência de um planejador, assim como qndo agente vê uma máquina qualquer e sugere que alguém deveria tê-la planejado.
Caso não tenhamos sido suficientemente claros, ou não tenhamos atendido vossa expectativa em nossos esclarecimentos, estaremos abertos ao debate construtivo.
Gratos, seu amigos administradores do blog Já Fiz minha escolha: Escolhi Acreditar!

Unknown disse...

Excelente ponto de vista, sou Adventista do Sétimo Dia e para todos recomendo o livro "Eu creio" do Michelson Borges.